
Dez
Andamos atarefados. Vivemos como se tudo dependesse de nós. Corremos o risco de esquecer a personagem central da nossa confiança e até mesmo o nosso Eu. Sentimo-nos cómodos no “sofá” da nossa vida, do nosso dia-a-dia, que deixamos mesmo de Acreditar, de procurar o descanso do coração, o reconforto da alma, aquele pincelar suave e mágico de Deus nas nossas vidas que faz sempre toda a diferença.
Enquanto Grupo de Jovens El Shadday aproximamo-nos de Deus, que está sempre para além das imagens e das teorias que d’Ele fazemos. Acreditar é aproximar-se desse sonho divino para a nossa vida, aproximar-se do que Deus pensa para nós, e para nós, enquanto grupo de jovens cristão, aberto e disponível para todos, a interpretação desse sonho está revelado em Jesus Cristo. Crer é um abrir-se que confia, que entra em diálogo com confiança.
Acreditar é um ato de liberdade, pelo qual me permito ser inserido numa relação que humaniza o meu caminho de crescimento, retira-me a ilusão de que posso fazer tudo sozinho. O acreditar no Deus de Jesus Cristo chama-me a uma séria responsabilidade e a uma corresponsabilidade criativa. Talvez por isto, muitos não são capazes de prosseguir o caminho, porque na verdade, ser El Shadday dá trabalho, é complicado, não é (e não pode ser) como uma peça de roupa que se veste de vez em quando ou que se troca quando se apetece. Ser El Shadday não é ser cómodo, estar confortável com o bem próprio, é ser insatisfeito, procurar sempre fazer e ser mais e melhor, é fazer-se mais próximo, ir mais além, procurar o bem comum.
Acreditar não é ser passivo, é ser inquieto. É estar constantemente à procura… é acolher o dom de uma diferença e de uma responsabilidade por essa diferença. Crer é uma contínua luta contra as falsas imagens, é saber discernir entre o bem e o mal, saber escolher o lado certo da barricada porque na verdade tudo o que nos oferecem do outro lado dá a sensação de ser sempre melhor, do outro lado dão-nos sempre o que achamos que é o que necessitamos. Com o passar do tempo distanciamos-nos, fazemos caminho e sem darmos conta esse mundo vai-nos sugando tudo e no fim… ceifa-nos a vida!
Jesus diz-nos “Não temas, basta que tenhas fé!”. A fé não é mais do que Acreditar, mas um acreditar comprometido, convicto e absoluto. A fé não se reduz a uma doutrina, mais ou menos abstrata, nem a um conjunto de práticas rituais e exteriores à vida. Este acreditar da fé é um q.b. (quanto baste) que nos dá a quantidade suficiente de tudo o que necessitamos, é a suavidade de um coração humilde e contrito que espera algo de novo da parte de Deus, é dar-Lhe o inteiro direito de entrar na nossa vida.
Com isto, deixamos de estar de fora, de ser meros espetadores… somos atores de uma vida real que põe em jogo todas as nossas virtudes, mas também todas as nossas fragilidades. Somos atores de uma vida real que nos impele ao encontro, que nos possibilita outras leituras, outras possibilidades, outras opções, mesmo que inacabadas, pois permite-nos ser construtores de uma vida nova, de uma nova humanidade. Deixamos, então, que se desenvolva em nós um processo que nos toca por dentro, liberta do medo, toma pela mão e nos deixa maravilhados.
Ser El Shadday é Acreditar… e mesmo que nos queiram aniquilar, dar como mortos ou como passado, enquanto houver Espírito e Fé, haverá VIDA em abundância porque estaremos sempre do lado menos bom da barricada. Bem hajam!